domingo, 18 de março de 2012

Nem homossexual, nem heterossexual, ser humano.

E continuam as pesquisas, estudos, debates, discussões sobre qual seria a "causa" da homossexualidade. E porque não, a "causa" da heterossexualidade. Talvez porque a homossexualidade seja considerada diferente ou fora do "normal". As possíveis causas encontradas para a homossexualidade - me corrijam ou acrescentem outra causa não citada - continuam sendo, a educação ou modelos de criação, a personalidade dos pais, fatores genéticos, tratamentos ou ausências hormonais pré-natais,   que gerariam predisposições no cérebro, escolha voluntária do indivíduo, forças biológicas involuntárias, morfologia cerebral, rede de neurônios que mudam ao longo da vida resultando em uma tendência homo ou heterossexual.

No ano de 1952 um pesquisador, Kall, fez um estudo com gêmeos uni e bivitelinos, para investigar causas genéticas para o comportamento homossexual. Mas os resultados dessa pesquisa não foram confirmados posteriormente. Em 1962, Irving Bieber e colegas fizeram um estudo analisando históricos familiares, onde a personalidade dos pais - mães super protetoras,  dominadoras e pais fracos, passivos - geraria nos filhos um posterior receio a relações heterossexuais. Porém, outras pesquisas sobre este aspecto tiveram resultados diversos. Em 1981 Bel, Weinberg e Hammersmith não confirmaram a teoria de Bieber. O pai da psicanálise, Freud, acreditava na predisposição bissexual inata para todos, onde em circunstâncias anormais predominaria a tendência homossexual. Poderia ser uma elaboração inadequada do complexo de Édipo, Ansiedade constante de Castração nos homens, relação doentia com os pais. Freud não escreveu muito sobre o assunto. Outros psicanalistas explicavam a homossexualidade como uma doença mental gerando um desvio sexual perverso.


Pesquisas com hormônios em adultos demonstraram não haver alteração na tendência sexual. E efeitos hormonais em animais parecem não ser parâmetro para os humanos. Existe ainda uma corrente que afirma que as primeiras relações sexuais agradáveis ou desagradáveis podem determinar uma tendência homossexual, porém isso não explicaria todos os casos de homossexualidade. Alguns pesquisadores acreditam que crianças com comportamento atípico, do sexo oposto, têm grande possibilidade de se tornarem homossexuais. Há ainda pesquisas que acusam a morfologia cerebral como responsável pelo comportamento  homo ou heterossexual. A rede de neurônios do nosso sistema nervoso, herdada pelos nossos pais, a partir do nascimento,   mudaria  em resposta às nossas experiências de vida, resultando em uma rede única à cada ser, definindo um comportamento sexual. Existe em Samoa, os chamados fa'afafine, que significa, nem homem nem mulher, que são pessoas homossexuais, aceitas pela sociedade, que não se reproduzem mas que "ajudam" a reprodução da espécie cuidando dos entes da família.

Numa  escala onde encontra-se em um extremo, o comportamento homossexual, e no outro extremo o comportamento heterossexual, existem uma variedade de possibilidades determinando características  na forma da expressão sexual. Diante de tanta diversidade e falta de comprovações quanto à causa da homossexualidade - ou da heterossexualidade - há que se manter a mente aberta e receptiva a novas descobertas e teorias. Talvez seja mais acertado afirmar que seria não uma, mas um conjunto de fatores a determinar o comportamento homossexual ou heterossexual. Fato é que, não se dá um nome ao que não existe. A palavra homossexualidade surgiu no séc. XIX, com raiz grega, onde o prefixo homo significa semelhante. Assim, o ser humano desde as primeiras civilizações já expressava sua sexualidade também pelo mesmo sexo. O que mudou, portanto, não foi o comportamento sexual, mas a aceitação ou não das diferentes formas de expressão sexual, de acordo com a época, o lugar e a cultura. A própria masturbação hoje na cultura brasileira, é melhor aceita como uma forma de expressão sexual individual, importante para descoberta e desenvolvimento da própria sexualidade. Porém, essa aceitação também está condicionada ao nível de desenvolvimento do lugar do Brasil. Em outras épocas, a masturbação já foi considerada doença, perversão.

A maneira como expressamos ou gozamos nossa sexualidade não deveria ser de importância social, assim como, a cor dos cabelos, da pele, dos olhos, a estatura, etc. Para uma sociedade saudável deveria importar o que cada ser representa, acrescenta, contribui. Sua função como ser humano não deveria ser avaliada por características que só dizem respeito ao indivíduo. Os vários tipos de expressão sexual, masturbação, relação homo, hetero ou bissexual, sempre fizeram parte do ser humano, e foram demonstradas, ao longo da história, desde os primórdios da evolução humana. Todo ser humano é digno de respeito e tem o seu valor, que não deveria ser medido pelo seu comportamento ou expressão sexual.






Referências:
Masters&Johnson - O Relacionamento Amoroso - Ed. Nova Fronteira
paranaonline.com.br 






Nenhum comentário:

Postar um comentário